quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Novas Ferramentas para o ensino e a aprendizagem

 
Disponível em: http://www.sala.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=354:novas-ferramentas-para-o-ensino-e-a-aprendizagem&catid=41:textos-em-la&Itemid=161  

Ensino e aprendizagem nesse novo contexto sócio-histórico requer o uso das novas tecnologias. A razão são as mudanças na forma em que os jovens se relacionam na atualidade. O professor precisar estar a par dessas mudanças histórico sociais onde as tecnologias emergentes se tornam mais e mais presentes. Desta forma, a sala de aula precisa adequar-se as mudanças também. Ao serem usadas como ferramentas em sala de aula para o ensino e a aprendizagem, as NTICs (Novas tecnologias de informação e comunicação) reforçam a interação social entre os alunos e os professores e toda a escola. Torna-se possível, então, uma coordenação do grupo como um todo mais eficaz. As atividades passam a ganhar características mais sócio-colaborativas, levando a um desenvolvimento intelectual individual mais interessante que o modelo anterior.
NTICs no ensino comunicativo e na aprendizagem colaborativa de línguas
As ferramentas on-line e off-line como o blogue, o e-mail, o celular, a câmera digital, a agenda eletrônica, o pen drive (memória USB), o PDA (palmtop), etc são parte do contingente das NTICs que o mercado disponibiliza e estas se tornam mais acessíveis à massa a cada dia. Essas ferramentas, no novo paradigma, se tornam suporte para o professor estabelecer a real interação entre os alunos e o ambiente de aprendizagem. Almeida Filho (2005) diz que “o ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua”.
As NTICs estão em voga na educação, não somente por conta da globalização de economias e de governos, mas principalmente por causa de sua relevância para os jovens, que são influenciados evidentemente pela economia. Uma vez que existe essa necessidade de estar em contato com pessoas de diversos lugares e principalmente com pessoas de sua localidade, a comunicação passa a trilhar novas rotas e a as NTICs possibilitam essa nova rota. As NTICs estão de acordo com o proposto pelo que Almeida Filho (2005) coloca em relação ao ensino comunicativo. As NTICs são ferramentas organizadoras e fomentadoras na experiência de aprender. As ações de verdade, como o autor cita, agora são estabelecidas por meio das NTICs.  É interessante ressaltar que ao estabelecer esse processo de ensino comunicativo via NTICs o aluno da L2 poderá estabelecer contato com nativos a qualquer momento que quiser e esse contato promove ações de verdade mais próximas do real e de maneira prazerosas para o aluno de L2, pois há um processo de colaboração.
A aprendizagem colaborativa[1]está intrinsecamente ligada à forma como o professor se organiza para um ensino comunicativo; Almeida Filho (2005) explica:
“A abordagem de ensinar, por sua vez, se compõe do conjunto de disposições de que o professor dispõe para orientar todas as ações da operação global de ensinar uma língua estrangeira. A operação global de ensino de uma língua compreende o planejamento de cursos e suas unidades, a produção ou seleção criteriosa de materiais, a escolha e construção de procedimentos para experienciar a língua alvo, e as maneiras de avaliar o desempenho dos participantes” (p.13).
Para Burgess (1994), o pensamento é dialético e a discussão é metodológica, logo a aprendizagem colaborativa é construída a partir de um diálogo interno mediado pelo outro ou outros ao fazer uso do discurso como meio de estabelecer regras de partilha de idéias entre todos. Estabelece-se uma relação de controle, e para Daniels (1994)“as relações de controle reveladas em padrões de enquadramento condicionam as práticas comunicativas”, ainda mais se essas relações forem construídas pelo uso das NTICs. As NTICs dão um suporte a mais para que as interações entre os alunos sejam mais sólidas no sentido de criar um ambiente colaborativo não só dentro, mas também fora da sala de aula como afirmam Kearsley & Shneiderman (2009):
“Collaboration can be as simple as a two-minute in-class exercise involving pairs of students or as elaborate as a multi-year curriculum development project involving many teams. Term-length projects done primarily outside the classroom are the most popular form of collaboration since they require minimal changes to the usual classroom routine. While a few disciplines such as laboratory science or fine arts make regular use of in-class collaboration, most courses do not. Yet collaborative learning is a technique that applies to any domain. Math students can work on problems, English students can review each other's work, Computer Science students can develop or debug programs together, and so on.”
Em se tratando de ensino colaborativo temos atividades que podem ser desenvolvidas em dois minutos na sala de aula, assim como atividade que são desenvolvidas de acordo com o currículo da disciplina ao longo de um ano todo e fora da sala de aula. Os projetos que envolvem um tempo maior são os mais comuns, uma vez que são desenvolvidos fora da sala de aula e não atrapalham o cronograma de atividades em classe. O aprendizado colaborativo pode ser desenvolvido dentro de qualquer disciplina.
As NTICs dentro da visão sócio-interacionista
As relações entre as pessoas se tornaram mais práticas e os diálogos se tornaram mais longos e independentes de tempo e espaço. As redes sociais na internet crescem vertiginosamente e ficam mais específicas em classificações como: a rede de ricos ou a rede de bonitos e até mesmo a de pessoas acima de 50 anos. Segundo Vygotsky apud Zacharias (2007), o que determina o desenvolvimento do indivíduo é a sua relação com a sociedade. Os jovens também procuram as suas tribos no mundo virtual e da mesma forma a uma tendência da educação se fazer presente também nesse espaço, contudo não somente através de aplicativos on-line ou de redes sociais, mas buscar acompanhar o desenvolvimento do indivíduo durante o dia por meio das NTICs.
As NTICsveem colaborar no processo de construção do conhecimento por meio da relação que o homem possue com essas novas tecnologias. Uma vez que as NTICs fazem parte do contexto histórico-social, não há razão para não utilizar as NTICs no processo de formação do indivíduo.
 Para Vygotsky apud Daniels (1994), social não significa interpessoal; interação social não é o que a criança tem que aprender. As atividades do comportamento humano, em todos os estágios de desenvolvimento e organização, são produtos sociais e devem ser vistos como desenvolvimentos históricos. Entende-se então que as relações sociais estão além das relações interpessoais. As relações sociais são interativas, contudo não devemos ensinar como ser interativos e sim fornecer ferramentas que fomentem essa interatividade. Nesse novo momento as ferramentas que surgem são as NTICs. Essas ferramentas são os produtos sociais e em cada época surgiram diferentes ferramentas, por isso devem ser vistas como desenvolvimento histórico.  
 
[2]Gutemberg Raposo da Silva
Lattes:lattes.cnpq.br/6012105418523640
Bibliografia
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de, Dimensões Comunicativas no ensino de Línguas – Campias-SP: Editora Pontes Editores, 4ª ed., 2005
DANIELS, Harry (org), Tony Burgess. Vygotsky em Foco: Pressupostos e Desdobramentos. Tradução: Mônica Saddy Martins, Elisabeth Jafet Cestari. Campinas-SP; Papirus, 1994
KENSKI, Vani Moreira - Tecnologias e ensino presencial e a distância - (Série Prática Pedagógica), Campinas, SP: Ed. Papirus, 2003.
BROWN, Ian - Internet Treasure Hunts: A Treasure of an Activity for Students Learning English - presented at the 1999 ACTA-ATESOL National Conference - TESOL Matters for the Millennium Sidney, Australia, 17-21 January 1999
ZACHARIAS, Vera L. C., Artigo ‘Vygotsky e a Educação’ pesquisado no sítio no dia 24-07-2009         <http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html> atualizado/setembro/2007
ZACHARIAS, Vera L. C., Artigo ‘Engagement Theory: A framework for technology-based teaching and learning’ pesquisado no sítio     <http://home.sprynet.com/~gkearsley/engage.htm>, no dia 25-07-2009

[1] “Com a colaboração de cada um para a realização de atividades de aprendizagem, formam-se laços e identidades sociais. Assim, criam-se grupos que, além dos conteúdos específicos, aprendem regras e formas de convivência e sociabilidade que persistem no plano virtual e fora dele” (Kenski, Vani Moreira, p.102, 2003).
[2] Graduado em Letras pela Universidade Federal do Tocantins.

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